eu esperei muito tempo pelo lançamento da Betume. por muito tempo ouvi em looping pelo reels do instagram por ser a única coisa lançada, eu real esperei muito por esse lançamento.
outro fato engraçado foi que, enquanto eu ouvia em looping a sozinho contra todos, minha parceira (que assim como eu ama Escuderia) comentou que a Sozinho Contra Todos é como se fosse a Não Desista do Escuderia, só que ao contrário.
na Betume não estamos falando de letras cliches e positivas como é muito comum no meio oi!. não tem reafirmação política forçada em cada um dos versos e nem fala sobre uma união abstrata que ninguém de fato nunca viu na cena, mas fala, da forma mais sincera, o que é ser skinhead.
é ter a vida crucificada, as vezes se sentir sozinhe, mas sempre ter 1 ou 2 outros do teu lado. andar pelas ruas de noite com a faca no bolso, com toda a maldade que a vivência marginal e ganguista nos dá de presente.
esse tipo de letra é bem mais fácil pra eu como pessoa trans me identificar.
vivências e opressões nos esmagam e nos crucificam, as vezes de forma diferente, as vezes mais ou as vezes menos, mas, de alguma forma, somos isso, pessoas crucificadas e cansadas que encontraram alguma forma de não perecer em meio a multidão.
o instrumental é impecável e igualmente gelado.
Betume é uma banda pioneira do cold oi! no brasil, o segundo lançamento do gênero até onde sei nas nossas terras (sendo o primeiro o s/t do Dormentes). a Sozinho Contra Todos mostra bem o que é cold oi!, o baixo destacado guiando a música, a guitarra quebrada e as vezes dissonante e a bateria na pegada post-punk. é um bom exemplo do que é o cold oi! e porque ele é um movimento tão relevente.
3 bandas me vem muito na cabeça quando ouço, a guitarra me lembra muito Cran, mas o instrumental, especialmente a bateria e como ela se comporta com relação ao baixo, me lembra Syndrome 81 e Arsou.
tem outros aspectos que acho também legal de se destacar: embora não seja incomum no cold oi! o vocal cantarolando parte da guitarra (o famoso oooooh oooh oooh) ele também nesse contexto lembra os clássicos brasileiros do punk como Cólera, mas mais como uma releitura, um tempero brasileiro adicionado nessa mistura que criou o cold oi!
continuo esperando mais lançamentos, enquanto isso, fica o single da Betume de recomendação, uma baita representatividade da cena de Porto Alegre no movimento cold oi!.